O CARRO
Diante do espelho retrovisor
Com os olhos...
Observo o
Mundo lá fora.
Por alguns segundos reflito sobre...
O arco-íris mudou de cor
E meus olhos mudaram de mundo.
(Alves – o menino do outro lado do vidro)
A SEIA
Aposto
Tolos!
(Alves – o décimo terceiro que não era apóstolos)
HUMANOS DESCARTÁVEIS
Perambulando pelas placas e bytes desse nosso mundo virtual
Humanos umbilicalmente cortados e
descartáveis
Plantei no jardim 64 Mega de Ram
Ao olhar pela janela
Apenas a tecla delete
Me sorria
E por impulso
Enter.
(NANÛ – o fugitivo)
7 minutos de lágrimas
Um minuto, dedico aos animais que tiveram suas vidas subtraídas de seu habitat... sendo torturados para servirem apenas de meros suvinirs em espetáculos circenses e rodeios;
Outro minuto, dedico aos meus irmãos nigerianos, etíopes, somalianos, chineses, judeus, coreanos, palestinos,
... que morreram por não Ter apenas um pedaço de pão quando assim teve fome;
Outros dois minutos, que somam quatro, as crianças iraquianas que apenas queriam ser crianças;
Mais um minuto, dedico a destruição para construção, mesmo sabendo que há dor;
E para finalizar dedico dois minutos a morte da interrogação
Sinto falta dela nas pessoas.
(NANÛ)
Floyd, Dino, Renato Maia, Miséria, Dida, ...
(Todos os poetas contraculturais)
De poeta todos tem um pouco
Mas de contracultura são poucos.
(NANÛ)
“me sinto as vezes... Espelho”
(Alves – o espelho)
PROCURA-SE
Que como eu...
Erra.
Procura-se...
Vivo e não morto vivo.
(NANÛ)
CÓDIGO DE BARRAS
O que são códigos de barras?
São umanos indianamente sem o H.
(Alves – o furador de fila)
SONAMUH
Acordo...
Observo o relógio
São 4 horas da manhã
O espelho
Vejo meu sorriso
Já não era o mesmo
E descubro
Que sou
Humano...
Descartável.
Não fui convidado
Para festa
Em que deus
Dava na sua mansão;
Comemorava o sucesso
De seu filme
O assassinato de si mesmo.
(NANU 29.4.2003)
Acabei de passar pelo meu guarda roupas e descobri que ele só me é estranho quando estou nu.
E que uma marca pode substituir a personalidade.
Quem diria.
Ser observado na rua não por ser eu mesmo, mas pela calça que usa.
Estar bem vestido para muitos é a condição que o faz pessoa, gente.
Hoje... não me alimentei
As flores do jardim tinham murchado.
(NANU – O ALIMENTO E O GUARDA ROUPAS)
ESSE MUNDO ADULTO NOS DESTROI
Olhares atentos
Sorrisos e risos
Que fazem do eterno algo simples
Pequenas criaturas
Grandes gestos
Ao invés de pedras
flores e sorrisos angelicais
As crianças já não mais herdaram o reino dos céus.
Elas fizeram pacto com vários demônios.
(NANU – angelical demoniac)
REBELIÃO DAS PEDRAS
(homenagem ao povo Palestino)
Do alto da montanha
Observo e vejo...
Pedras
Pedras que sobrevoam...
Olhares tétricos e vida sem vida;
Pedras que acertam o alvo;
Pedras que se transformam em poesias de cacos;
Pedras que das flores
A primeira;
Pedras que das pedras
A que realmente tem vida;
Não tem apenas nome de pedra. Tem vida.
Pedras que fazem chorar;
E quando acerta o alvo
Faz rir a busca da liberdade.
Algumas pedras... tem realmente vida.
(NANU – o Palestino do Cosmo)
E O HOMEM ACHA QUE SABE CANTAR
Platycichla flavipes
Carpornis cucullatus
Saltator similis
Crypturellus noc tivagus
Chiroxiphia caudata
Drymophila squamata
Pyrrhura frontalis
Schiffornis virescens
Turdus albicollis
Chamaeza campanisona
Atilla rufus
(NANU)
PARA MIM PARA TODOS
Para mim reivindico o direito de ser o que sou...
Eu mesmo
Mesmo
Sabendo que farei chorar olhos;
Para mim reivindico o direito de caminhar
Caminhos;
Para mim reivindico o direito de ver a liberdade sair dos dicionários e vivê-la plenamente;
Para mim reivindico o direito de ver as flores sendo flores;
Para mim reivindico o direito de ver os animais como eu, em seus habitat;
Para mim reivindico o direito de comer se assim o desejar;
Para mim...
Para mim reivindico para todos.
(NANU)
FLOR NO ASFALTO
Carros acabam de passar indo em direção ao alvo;
Pessoas sobrevoam outras
Não há toques, apenas esbarrões.
A água caminha pela rua, levando com ela embalagens de chicletes
Este, jogado pela Naomi Campbell
Que dias atrás... usava camiseta de preservação ambiental;
A mesma água chegou ao rio que brindou a coleção de figurinhas
Só faltava essa para completar o fim. – disse o rio chorando.
O sinal esta verde
Apenas uma formiga atreve-se a atravessar
Esse labirinto de interrogações
Um mundo minúsculo em um mundo maiúsculo;
Letras e frases em outdoor que não dizem nada
As formigas e outros insetos não entendem.
No meio do asfalto
A andorinha sobrevoa
Uma semente que caiu junto com as fezes
Uma fresta... um pequeno buraco
No asfalto
E lá a semente
Dias, noites...
Dia 18, 19, 20 e 21 de abril 2003
Uma flor ousou nascer
No asfalto frio e calculista.
Segunda- feira
Objeto identificáveis
Passaram ao lado... por cima
E hoje ela apenas deixou saudades
A pequena formiguinha que atreveu-se
Ir vê-la.
(NANU – A formiga)
TODO DIA INTERNACIONAL DA MULHER
Séculos e séculos se passaram
O relógio continua fazendo o que sempre fez
E nós!?...
Novos designers para corpos pré moldados;
Novas roupas;
Novas modas;
Novos seios;
Novas bundas;
Novos visuais para vidas artificiais;
Novas vidas para mortos vivos;
Novos corpos para corpos já ultrapassados
E novos cérebros. Talvez!?
Os “homens” continuam os mesmos, com seus 365 dias
Futebol e vazios;
As formigas seguem seus caminhos;
Os pássaros quando não estão presos, voam;
Hoje... (08.3.2003)
Continuamos sendo expostas em açougue;
Continuamos sendo vistas como peças em exposições;
Continuamos submissas a esse mundo inóspito;
Continuamos... e nada fazemos
Medo? Talvez!?
Continuamos sendo adereços apenas para o sexo;
Gostamos do sexo, mas não somos apenas sexo.
Parte dele, sim!
As flores já não são sinônimos de romantismo.
A face continua lá
Apenas mudou de endereço para os seios e bundas.
Idolatria do corpo
A música já não é mais um conjunto de poesias
Se tornaram apenas palavras obscenas num mundo de machos e fêmeas
E o que fazemos
Esperamos “salvadores da pátria” ou “salvadoras da pátria”
De braços cruzados
Esperamos... esperamos... e esperamos.
(Alves – a mulher que cansou de esperar)
PEQUENO CACOS DE VIDROS
Andando pelas calçadas urbanas, vi pegadas de bebê
Vi cicatrizes de famílias sangradas;
Vi pedaços de átomos e células fetais
Vi e revi meu reflexos nas pessoas.
Atravessavam a avenida todos enfileirados indianamente a busca de
Mães que perambulavam pelo nada
Em cartazes de procura-se
Com olhares tristes e sombrios
Nas gôndolas de supermercado
Nas vitrines hurbanóides
Nos outdoor humanos
Nas palavras jogadas nos muros
Lá estavam eles
A procura
Do leite materno.
(NANU – a folha levada pelo vento)
GARRAFAS DESCARTÁVEIS
Aqui jaz...
A personalidade humana
Marcada por um pequeno prazer.
(Cauê – o catador de lixo)
SENTADO OBSERVANDO O POR DO SOL E BEBENDO NA FONTE DA FUMAÇA
Será que deus desceria de seu altar,
De seu mundo surdo e mudo
Para observar as formigas?
Será que deus sairia de seu desabitat
Para falar com os vermes?
Será que deus sujaria suas mãos para dar
De comer aos abutres?
Será que deus regurgitaria para alimentar
As cobras?
Será que deus cortaria seu pulso para dar vida...
A uma flor assassinada pela sua cria?
Será que deus faria respiração boca a boca com...
Um sanguessuga?
Será que deus passaria noites em claro para...
Cuidar de filhotes de condor?
Será que deus... realmente seria um deus?
Acho que não!!
Não!!
Tenho que ir pois tenho que buscar a Lua
Na escola.
To vendo que o cálice de fumaça
Já fez efeito.
(Cauê – amantes da interrogação e das inverdades)
Ei hai?
O que?
Cai o Hai.
PARA AQUELES QUE ACHAM QUE A POESIA, É... SÓ PARA EXPRESSAR PALAVRAS...
DITAS DE AMOR, eu direi:
Ao invés de falar de amor, prefiro falar de ódio
Abstrato? Também!
Mas...
Ódio abstrato, ódio real, ódio concreto, ódio surreal,
Ódio sublime... más ódio!
De ódio a todas as leis, regras e imposições;
Pois não sou cor-de-i-ro;
Não sou apenas um humano que aceita calado,
Mesmo vivendo em um mundo de deuses cifrões
Em altares construídos por hu-ma-nos;
Não quero apenas pastar e berrar quando assim eles ordenarem;
Não quero viver como um morto-vivo,
Que só tem vida quando realmente está morto;
Quero ser, e sou... ovelha negra;
Erva daninha;
Ferrugem;
Sabotagem;
E destruição...
Ovelha que escapa e vai pastar em outros lugares;
Ovelha que canta e não apenas berra;
Negra sim!!
Negra... como uma das cores do arco-íris;
Negra... como a cor da resistência;
Negra... como a negação e não a submissão surda e muda
Calada e morta.
Negra sim!!
Como tudo que existe e resiste.
Porque falar de ódio?
Porque se você olhar realmente...
Não para seu umbigo...
Mas um giro pelo cosmo
E verá realmente o que está acontecendo;
O seu olhar responderá a pergunta,
de que poesia foi feita para expressar não só palavras carinhosas
Mas palavras...
profanas,
blasfemas,
farpadas,
ásperas e...
odiosas.
Minhas poesias
São navalhas
Sangram ao tocá-las
Isso responde sua pergunta?
(NANU – o odiador)
HUMANOS FORA DE SEU CICLO NATURAL
Depois do cordão umbilicalmente cortado,
E toda tentativa de ser superior ao verme devorador de corpos humanos;
Depois de mudanças ditas progressivas;
Depois de criar antes e depois como ponto de vista, data pra tudo...;
Depois de fazer da Lua e do Sol algo como...? Nada!
Depois de trocar vidas por árvores de concreto com algumas estrelas;
Depois de tentar entender a si mesmo e...
Nada de novo no front;
Depois de dividir particular atômicas para se sentir bem ao olhar no espelho;
Criar redomas de vidro pra prender a palavra paz;
Criar artificialidade naturalesca em bytes e clones;
Criar repostas que não explicam nada;
Depois de criar sorrisos plastificados em jardins de édens;
Falsos valores;
Deuses existentes em nuvens de fumaça;
Mundo imundo;
Prazeres supérfluo que hoje necessidade;
Depois de criar regras para ditar como deve ser o nascer do sol;
Criar palavras como racionalidade para diferenciar ele dos outros;
Depois tentar entrar em contato com outros seres e nada de novo...
Criar máquinas que iludem olhares depois que o
arco-íris muda de cor;
Depois de tudo isso e outras...
Esqueceu que é um mero ser na cadeia da evolução;
Um pequeno menor que grão de areia verme;
Ainda assim...
Ele é o único ser que tenta explicar a natureza a ele
Mesmo em telas de TV.
(Tataw – o devastador de particulas subneuróticas abstratas morta)
quinta-feira, 17 de junho de 2010
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